quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A independência do Kosovo




         A Iugoslávia era um país formado pelas repúblicas da Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia, Montenegro, Kosovo e Vojvodina. Apesar de existir uma população muito variada (com diferentes idiomas, religiões, culturas e etnias), o governo do marechal Tito manteve o país em harmonia.
      Com a morte de Tito, esses diferentes grupos entraram em constantes desentendimentos e, com o fim da URSS, os grupos separatistas se fortaleceram. Houve diversos conflitos em questões politicas, ideológicas, religiosas e étnicas, que deixaram centenas de milhares de mortos.
      Essas diferentes repúblicas e grupos, com os constantes conflitos, foram conseguindo a independência. A Eslovênia foi a primeira em 1991, seguida da Macedônia no mesmo ano, e então Croácia e as demais.




Uma série de mapas animada na qual é mostrada a desintegração da segunda Iugoslávia; as diferentes cores representam as áreas de controle.









  Sérvia e Montenegro (1992-2006)
  República Srpska (1992-)
  Macedônia (1991-)
  Eslovênia (1991-)




      O Kosovo já era considerado uma região autônoma, 2 milhões de pessoas o habitavam, sendo 90% de origem albanesa. Porém, o poder central da Sérvia adotou uma série de medidas contra o povo albanês; isso fortaleceu o movimento separatista armado, que resultou numa violenta reação do governo iugoslavo, e este massacrou os albaneses, como uma forma de limpeza étnica. Do outro lado, os sérvios que estavam no Kosovo foram perseguidos pela população local.
      A Otan tentou criar acordos para o fim dos conflitos, mas o presidente iugoslavo negou, e a organização mandou tropas para confrontá-lo. Esse fato ficou conhecido como guerra de Kosovo e só teve fim após 78 dias de intensos bombardeios e milhares de mortes.


      A partir daí, Kosovo buscou sua independência e o reconhecimento como Estado-nação. Após muitos anos de guerra e muitas mortes, em 17 de fevereiro de 2008, o país se tornou independente, por 109 votos a 0 dos deputados.


      O reconhecimento internacional para a declaração de independência foi se dando aos poucos, e até agora 99 países o fizeram( como os Estados Unidos e 22 dos 27 membros da União Europeia); porém há que ainda não tenha feito, por exemplo: Espanha, Grécia, Chipre, Eslováquia e Romênia(os 5 da UE); a Sérvia e a Rússia.
      O Conselho de Segurança da ONU não entrou em consenso sobre a independência do Kosovo e, por isso, o país não pode ser membro da organização. Além disso, continua a ser o país mais isolado na Europa e não obteve a liberação de vistos por parte da EU.


  Kosovo
  Estados que reconhecem oficialmente o Kosovo como independente
  Estados que têm intenção de reconhecer o Kosovo como independente
  Estados que declararam neutralidade sobre a independência do Kosovo
  Estados que manifestaram o interesse/preocupação sobre os movimentos unilaterais ou que manifestam o desejo para remotas negociações
  Estados que não reconhecem o Kosovo como independente
  Estados sem posição declarada até ao momento



      O país até hoje é “tutelado” pela Otan e pela União Europeia, apesar de na teoria ter anunciado o fim da supervisão internacional.


      Neste mês (fevereiro de 2013), Kosovo está comemorando 5 anos de independência e seus líderes afirmaram que a independência é irreversível. Vejam esse vídeo sobre isso:


Charges:

A charge ao lado fala sobre as diferenças do norte da região, onde se concentra a minoria sérvia não reconhece a soberania do Kosovo e segue vinculada e fiel a Belgrado.












Fontes:

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Sudão do Sul se torna o mais novo país do mundo


O Sudão do Sul se tornou oficialmente o mais novo país do mundo, ao oficializar sua independência do restante do Sudão em julho de 2011.
























 Foi emocionante sentir o orgulho do povo do Sudão do Sul pelo fato de ter, finalmente, conseguido a sua independência. O país (como os sudaneses do sul me disseram) está ainda a juntar tijolos para depois passar a governar com autonomia. Sente-se isso nas pessoas, nas ruas da capital Juba e no dia-a-dia ainda incerto devido aos recentes conflitos sempre de origem étnica e religiosa. Este é um dos países menos desenvolvidos do mundo.O Sudão do Sul conquista sua independência e se torna o 193º país do mundo. O processo para a independência começou com a assinatura no Quênia do Acordo Amplo de Paz em 2005, que estipulava a realização de eleições gerais em abril de 2010 e o plebiscito em janeiro de 2011. A mais nova nação -- a primeira na África desde a secessão da Eritréia em relação à Etiópia em 1993 -- nasce com muitos problemas e indicadores sociais a reverter, mas celebra com festa a sua liberdade.
O país nasce a partir de um acordo de paz firmado em 2005, após 12 anos de uma guerra civil que deixou 1,5 milhões de mortos. Em janeiro, 99% dos eleitores do Sudão do Sul votaram a favor da separação da região, predominantemente cristã e animista, em relação ao norte, governado a partir de Cartum, onde a população é em sua maioria muçulmana e de origem árabe.
Apesar de possuir grandes reservas de petróleo, o Sudão do Sul nasce como um dos países mais pobres do mundo, com a maior taxa de mortalidade materna, a maioria das crianças fora da escola e um índice de analfabetismo que chega em 84% entre as mulheres.
Embora não haja estatísticas oficiais, a ONU estima que a população do país varie entre 7,5 e 9,5 milhões. O Sudão do Sul também nasce sendo um dos maiores do continente, superando as áreas de Quênia, Uganda e Ruanda somadas.

O acordo de 2005 previa um referendo para os moradores da área decidirem se ficariam com o norte ou o sul, mas por causa da tensão a votação ainda não ocorreu.
Antecipando-se a uma eventual retomada da guerra civil, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, também em maio, o envio de uma missão de paz com 7 mil militares para a área, a maioria da Etiópia.
A separação também acendeu os ânimos na região de Kordofan do Sul, que está sob controle do governo de Cartum.
Povoada por minorias étnicas sem ligação com a população árabe do norte, a região quer se juntar ao novo país. Confrontos na região já provocaram o deslocamento de 60 mil moradores.
As grandes diferenças que dividem o Sudão são visíveis até do espaço, como mostra essa imagem de satélite da NASA. Os Estados do Norte são uma área desértica, interrompida apenas pelo fértil vale do Nilo. O Sul do Sudão é coberto por vastas áreas verdes, pântanos e florestas tropicais.






















Sudão do Sul

O Sudão do Sul declarou independência a 9 de Julho de 2011, na seqüência de um acordo de paz assinado em 2005 entre o governo do Sudão e as autoridades sudanesas do sul. No presente texto, todos os dados inerentes ao período anterior à Independência são reportados sob a referência “Sul do Sudão”, ou seja, na região sul do país do Sudão antes da divisão. 




No Sul do Sudão, a fome crônica diminuiu de 48% para 33%, entre 1995 e 2004. No entanto, mais de metade da população continua a viver abaixo do limiar de pobreza nacional, ou seja, um em cada quatro habitantes é pobre. O Plano de Desenvolvimento do Sudão do Sul pretende reduzir o valor para 46% até 2013. A iniciativa-chave impulsionada pelo Governo passa pela atribuição de uma ajuda financeira/social a, pelo menos, 20% das famílias.

Informações obtidas através de recentes pesquisas têm dado a conhecer o grau de pobreza maciça e a situação deplorável em nível de desenvolvimento humano no Sudão do Sul. O país enfrentou anos de conflito armado, que só terminou em 2005, cinco anos após a adoção da Declaração do Milênio. O arranque de esforços e trabalhos em relação aos ODM foi adiado e partiu de uma base muito baixa. De um ponto de vista realista, o Sudão do Sul não vai conseguir atingir a maioria das metas traçadas nos ODM, até 2015. 

Segundo dados da ONG Save The Children, de 2011, o Sudão do Sul está entre os países com os níveis de escolaridade mais baixos: 98% das crianças abandonam o ensino básico. Apenas 7% dos professores tiveram formação “qualificada”. Mais de 80% das raparigas nunca foram à escola e apenas 6% das raparigas que ingressaram na escola é que concluíram os estudos. 

O Plano de Desenvolvimento do Sudão do Sul definiu a meta de 65% de crianças inscritas no ensino primário, a conquistar nos próximos três anos. Um objetivo ambicioso. 








Em 2009, no Sul do Sudão, as meninas representavam menos de 37% das matrículas na escola primária. Há mais 20% de homens alfabetizados do que raparigas. Aumentar o número de meninas nas escolas é determinante, não só para melhorar as probabilidades de subsistência como para reduzir o impacto de problemas sobre a saúde, a nutrição e educação dos seus filhos. A escolarização das meninas pode ainda contribuir para a diminuição de casamentos precoces bem como travar o crescimento populacional insustentável. 




A taxa de mortalidade de crianças menores de cinco anos, no Sul do Sudão, diminuiu de 250 por cada 1.000 nados vivos, em 2001, para 135, em 2006. Dados da ONG Save The Children revelam que uma em cada quatro crianças morre antes de completar cinco anos e mais de metade das meninas e meninos sofre de má-nutrição. A mortalidade infantil deste país está entre as mais altas do mundo!
Pneumonia, malária, diarreia e má-nutrição continuam a ser as principais causas de morte de crianças menores de cinco anos.
De acordo com o Plano de Desenvolvimento do Sudão do Sul, a meta é reduzir esta taxa em cerca de 20%, nas zonas rurais. Esta é uma prioridade para o sucesso do Sudão do Sul, que implica travar a transmissão de doenças mortais e ampliar a cobertura da vacinação. 

O Sudão do Sul tem a maior taxa de mortalidade materna do mundo: mais de 2 mil mulheres perdem a vida, por cada 100.000 nascimentos. Isto significa que uma em cada sete mulheres morre por causa de problemas relacionados à gravidez. Atualmente, calcula-se que exista apenas uma parteira qualificada por cada 30 mil pessoas e que apenas 10% de todos os nascimentos tenham sido assistidos por profissionais de saúde ou parteiras. 
O PNUD (Plano das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e o FNUAP (Fundo das Nações Unidas para a População) estão a apoiar iniciativas de capacitação que incluem a participação de profissionais de saúde internacionais na formação das parteiras. 


Apesar de existir pouca informação sobre o VIH/sida no Sudão do Sul, diversos relatórios revelam aumentos anuais na taxa de prevalência da doença bem como um conhecimento extremamente limitado da população em relação à prevenção. Em 2006, a prevalência do VIH/sida na população (com idades compreendidas entre os 51 e os 24 anos) era de 3,1%. Por sua vez, a malária é considerada híperdémica neste país. 
O PNUD está a gerir o Fundo Global para o VIH/sida, a tuberculose e a malária, no Sudão do Sul. Neste sentido, está em marcha um plano de apoio organizacional e técnico, incluindo estudos de vigilância e programas de prevenção e tratamento. 

O acesso a água potável básico aumentou de 47%, em 2006, para 67,7%, em 2010. Também os níveis de acesso ao saneamento básico subiram de 6,4%, em 2006, para 14,6 %, em 2010. No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer para aproximar estes valores do que é considerado aceitável. 

O progresso nesta meta será fundamental para reduzir a dependência do petróleo para as trocas internacionais bem como aliviar o nível de importações para muitas necessidades básicas. Por outro lado, os esforços neste ODM visam também a diminuição da dívida e a melhoria do acesso aos mercados estrangeiros.

OBS: O árabe é a língua oficial, mas no Sudão do Sul também se fala inglês e uma dezena de línguas indígenas (não oficiais).



Agências humanitárias enfrentam violência no Sudão do Sul

Número de incidentes que dificultam o trabalho das agências humanitárias no país saltou quase 50 por cento no ano passado

 

O Sudão do Sul tem uma expectativa média de vida de apenas 42 anos e somente um quarto dos adultos sabem ler.
As agências humanitárias que trabalham no Sudão do Sul, um dos países mais pobres do mundo, estão sob ameaça constante de membros dos serviços de segurança que os espancam ou os prendem ou confiscam seus equipamentos, afirmou a Organização das Nações Unidas (ONU).
O Sudão do Sul tem lutado para reformular seus serviços de segurança desde que se separou do Sudão em 2011, após uma longa guerra civil que o deixou repleto de armas.
Grupos de direitos humanos regularmente acusam o exército do Sudão do Sul, uma combinação de ex-guerrilheiros mal treinados conhecidos como SPLA, de abusos contra civis.
Vincent Lelei, chefe no país do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, disse que o número de incidentes que dificultam o trabalho das agências humanitárias saltou quase 50 por cento no ano passado.
O Sudão do Sul está no último lugar de quase todos os índices de desenvolvimento e seu governo depende muito das Nações Unidas e de outras agências humanitárias para fornecer cuidados de saúde, alimentação, educação e infra-estrutura.
"Recebemos pelo menos 61 relatos de trabalhadores humanitários que foram espancados enquanto faziam seu trabalho, muitos deles por forças de segurança do Estado", afirmou Lelei à Reuters em uma entrevista.
Ele contou que 78 trabalhadores humanitários foram arbitrariamente detidos, e em seguida, liberados, em 2012, e que 79 veículos foram apreendidos pelo exército ou outros grupos armados.
Além disso, a burocracia impede o trabalho diário das agências e atrasam vistos e autorizações de trabalho, afirmou Lelei.
De acordo com um relatório do secretário-geral da ONU, homens armados em uniformes militares também ocuparam e saquearam escolas.
Peter Lam Both, presidente da Comissão de Alívio e Reabilitação do governo, disse que o Sudão do Sul era um país novo e "as pessoas não são bem versadas em como conduzir os negócios de forma que a comunidade internacional ou eu iríamos entender".
Ele afirmou que o governo estava trabalhando em um projeto de lei para reger o setor de ajuda e tentando informar sobre a proteção legal existente para os trabalhadores humanitários.
O Sudão do Sul tem uma expectativa média de vida de apenas 42 anos e somente um quarto dos adultos sabem ler.
Em 2012, o país recebeu assistência humanitária no valor de mais de 700 milhões de dólares, sendo parte para fornecer alimentos, abrigo, água e assistência médica para mais de 155 mil sudaneses do Sul que retornaram do Sudão e 212 mil refugiados, na sua maioria fugindo de conflitos no Sudão.
Este ano de 2013, o Programa Mundial de Alimentos da ONU planeja fornecer ajuda alimentar a mais de 2,7 milhões de pessoas, quase um quarto da população do Sudão do Sul.




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